segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Oito em cada dez pessoas já leram notícias falsas em redes sociais


Pesquisa elaborada por Senado e Câmara foi divulgada nesta segunda


Oito em cada dez pessoas ouvidas em uma pesquisa sobre uso de redes sociais disseram ter identificado notícias falsas em redes sociais. Entre os entrevistados, 17% relataram não ter identificado esse tipo de conteúdo. O levantamento foi elaborado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal e os resultados foram divulgados hoje (9).
Enquanto metade (50%) dos entrevistados considerou fácil identificar uma publicação como falsa, outros 47% disseram que esta é uma tarefa difícil. Setenta e sete por cento acreditam que as notícias falsas ganham mais visibilidade do que as verdadeiras em redes sociais, enquanto 21% rejeitaram essa tese.
As redes sociais foram vistas como fonte mais confiável por 34%, enquanto outros 62% valorizam mais o que é veiculado na televisão e no rádio. No recorte por opção ideológica, a confiança maior nas redes sociais apareceu de forma mais forte entre os eleitores de direita (43%) do que entre os de esquerda (31%) e de centro (30%).
Entre os ouvidos, 83% declararam conferir a veracidade de informações antes de compartilhar com terceiros. Outros 13% responderam que não tomam este cuidado. Na checagem, o principal aspecto levado em consideração para analisar se uma notícia é confiável é a fonte dela (73%), seguida pela pessoa que compartilhou a informação (24%).
No recorte por escolaridade, o peso desses dois fatores varia. Entre as pessoas com ensino fundamental incompleto, 50% checam prioritariamente a fonte para definir se a notícia é confiável e 43% verificam quem enviou o conteúdo. Já entre os entrevistados com ensino superior incompleto ou mais 86% checam o veículo e 11% atentam para quem repassou a mensagem.
Questionados se a presença desses conteúdos prejudicou a confiança nas redes sociais, 58% responderam positivamente e 40% não tiveram sua relação abalada pela circulação de notícias falsas. No recorte por posição ideológica, eleitores de direita manifestaram menos problema na relação com as redes sociais (53%) em razão desse fenômeno do que os de esquerda (62%) e de centro (63%).
O estudo também perguntou se esses espaços virtuais deixam as pessoas à vontade para expressar opiniões preconceituosas, o que foi respondido positivamente por 90% dos participantes.
Percentual próximo, de 83%, disse acreditar que as redes sociais influenciam muito a opinião das pessoas, enquanto 15% afirmam que essas plataformas impactam “pouco” a atitude das pessoas. Essa percepção foi maior entre as pessoas com ensino superior incompleto ou completo (90%) do que entre as com fundamental incompleto (76%).
Sobre a influência das redes sociais durante eleições, 45% relataram já ter escolhido um candidato com base em informações acessadas em redes sociais. A maioria (54%), contudo, negou ter considerado esses insumos ao optar por concorrentes em pleitos eleitorais.
A sondagem perguntou aos ouvidos sobre a fonte dos conteúdos que influenciaram sua decisão de voto. O Facebook apareceu em primeiro lugar (31%), seguido por Whatsapp (29%), Youtube (26%) e Instagram (19%). No recorte por inclinação ideológica, a influência das redes sociais foi maior entre eleitores de direita (55%), do que os de esquerda (46%) e de centro (43%).
Já no recorte por faixa etária, o papel dessas empresas na escolha do candidato foi mais sentido entre jovens (51%) do que entre idosos (35%). Na avaliação por escolaridade, as redes sociais pesaram mais para quem tem ensino superior incompleto ou completo (51%) do que os com fundamental incompleto (34%).

Método

A pesquisa ouviu 2,4 mil pessoas com acesso à internet em todos os estados e no Distrito Federal. As entrevistas foram realizadas por telefone no mês de outubro. A amostra foi composta de modo a reproduzir as proporções da população em relação a gênero, raça, região, renda e escolaridade. Segundo os autores, o nível de confiança é de 95%, com margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Por Jonas Valente – Repórter Agência Brasil
Edição: Aline Leal

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