sexta-feira, 23 de abril de 2021

 Fórmula criada a partir da dissertação de mestrado de Ana Virginia Barreto ajuda a detectar a fibrose periportal mais avançada em pacientes com esquistossomose


Um estudo que avaliou 378 pessoas com esquistossomose em Jaboatão dos Guararapes validou o “Índice Coutinho”, uma relação entre dois exames simples de laboratório (dosagem de fosfatase alcalina e de plaquetas sanguíneas), como uma importante ferramenta para avaliar os estágios da fibrose periportal, principal consequência da doença endêmica em Pernambuco. A pesquisa contou com a participação de profissionais do Hospital das Clínicas da UFPE, Centro de Ciências Médicas (CCM) da UFPE, Instituto Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz/Pernambuco e Laboratório Central de Saúde Pública da Secretaria Estadual de Saúde.

 

O estudo “The Coutinho index as a simple tool for screening patients with advanced forms of Schistosomiasis mansoni: a validation study (Índice Coutinho como uma ferramenta simples para triagem de pacientes com formas avançadas da esquistossomose mansoni: um estudo de validação)” foi publicado na revista científica Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene e pode ser lido aqui. O nome “Índice Coutinho” é uma homenagem ao médico, professor e pesquisador pernambucano Amaury Coutinho (1918-1995), que dedicou sua vida no estudo de duas doenças negligenciadas, principalmente no Nordeste do Brasil: a esquistossomose e a filariose.

 

A fórmula criada a partir da dissertação de mestrado de Ana Virginia Barreto ajuda a detectar a fibrose periportal mais avançada em pacientes com esquistossomose e evitar as repercussões da doença. Por meio da fórmula: ([ALP / limite superior da normalidade {ULN}] / contagem de plaquetas [106 / L] x 100), consegue-se antever as formas mais avançadas da doença.

 

Em sua tese de doutorado, Ana Virgínia conseguiu validar a fórmula que pode ser utilizada pelos médicos. “Esse índice foi criado para separar nas áreas endêmicas pacientes com doença leve da grave, com dois exames de laboratório simples. Essa é a sua importância, pois vai ter aplicabilidade. É uma triagem inicial dos pacientes mais gravemente acometidos feita nas áreas endêmicas sem precisar fazer o exame de ultrassom, que nem sempre é disponível e é bem mais caro”, explica a professora Ana Lúcia Coutinho, do CCM da UFPE e médica do HC, que foi coorientadora nos dois trabalhos científicos de Ana Virgínia.

 

Ana Lúcia explica as vantagens da utilização do Índice Coutinho. “É uma fórmula simples e precisa do resultado de dois exames de sangue, que podem ser realizados em laboratório simples, com baixo custo: 20% do valor de um exame de ultrassonografia do abdome. Então, ainda será uma economia para o município”, salienta a professora e pesquisadora. “Vamos começar a divulgá-lo para os médicos do Programa de Saúde da Família, que fazem esse primeiro atendimento”, completa.

 

A fibrose periportal é a principal consequência patológica da infecção pelo Schistosoma mansoni, o parasita causador da esquistossomose, e se caracteriza por uma lesão no fígado que provoca a hipertensão do órgão. O Índice Coutinho é uma fórmula que consegue prever a fibrose ao dosar a relação entre a fosfatase alcalina (ALP) e a quantidade de plaquetas sanguíneas, marcadores biológicos mensurados por testes simples de laboratório.

 

O estudo avaliou 378 pessoas com história prévia da doença e/ou um exame parasitológico positivo. Foram realizados exames de ultrassom como padrão ouro para classificação da fibrose e foram medidos os marcadores biológicos do Índice Coutinho. Além de Ana Lúcia e de Ana Virgínia, assinam o estudo George Diniz, Ana Cavalcanti, Edmundo Lopes, Silvia Montenegro e Clarice Morais.

 

SOBRE A DOENÇA – Para a esquistossomose não há vacina, sendo o saneamento básico adequado e o não contato com água contaminada com as larvas infectantes, as cercárias do Schistosoma, a forma de evitar a doença. O diagnóstico se dá por exames simples de laboratório, e o tratamento é feito com medicações antiparasitárias, quando descoberto de forma rápida. Com a demora no diagnóstico ou tratamento, o caso pode evoluir e gerar internação e até cirurgias.


Link para o estudo:

Ascom UFPE

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