quarta-feira, 23 de março de 2022

Ex-governador de SP, Geraldo Alckmin se filia ao PSB e abre caminho para chapa com Lula

Alckmin é um dos fundadores do PSDB, partido que deixou no ano passado. Ele negocia ser vice de Lula na disputa presidencial de 2022


Lula e Alckmin se encontram em jantar em SP — Foto: Ricardo Stuckert


O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin se filiou na manhã desta quarta-feira (23) ao PSB.

Com a entrada na legenda, Alckmin dá mais um passo em direção à formação de uma chapa com o ex-presidente Lula (PT) para a disputa da Presidência da República.

Em seu primeiro discurso após a filiação ao PSB, Alckmin defendeu o apoio do partido à candidatura de Lula e disse que o petista é, hoje, "aquele que melhor reflete o sentimento de esperança do povo brasileiro".

O ato aconteceu em Brasília, contou com a presença de políticos e parlamentares do PSB e do PT, e foi marcado por críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro (leia mais abaixo).

                             
Geraldo Alckmin, ex-governador de SP, assinou nesta quarta (23) sua filiação ao PSB. Ex-tucano deve formar chapa com Lula na eleição presidencial — Foto: Mateus Bonomi/Agif/Estadão Conteúdo

Geraldo Alckmin, ex-governador de SP, assinou nesta quarta (23) sua filiação ao PSB. Ex-tucano deve formar chapa com Lula na eleição presidencial — Foto: Mateus Bonomi/Agif/Estadão Conteúdo

As negociações para que o ex-tucano e ex-adversário petista seja o vice de Lula nas eleições de 2022 vêm se desenrolando nos últimos meses.


Apesar da resistência de setores do PT ao nome de Alckmin, as negociações estão avançadas e, de acordo com a colunista do g1 e da GloboNews, Natuza Nery, a previsão é de que a chapa Lula-Alckmin seja anunciada em meados de abril.

Já segundo o blog da jornalista Andreia Sadi, Lula e Alckmin conversaram nos últimos dias para acertar detalhes da pré-campanha presidencial. Os dois devem começar a viajar pelo país no próximo mês.
O ingresso de Alckmin no PSB se dá a dez dias do prazo limite para que candidatos que queiram disputar a eleição deste ano estejam filiados a um partido político.

                                  
Lula e Alckmin se encontram em jantar em SP — Foto: Ricardo Stuckert

Lula não compareceu ao ato de filiação de Alckmin ao PSB. Entre os petistas, estiveram presentes a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, e o líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG).

Também estavam ao ato o presidente do PSB, Carlos Siqueira; o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande; o governador do Maranhão, Flávio Dino; além de parlamentares. O prefeito de Recife, João Campos, filho do ex-governador Eduardo Campos, também compareceu.

Críticas a Bolsonaro

O ato de filiação de Alckmin também foi marcado por críticas ao governo Bolsonaro. O presidente da República, que deve disputar a reeleição, aparece em segundo lugar nas pesquisas, atrás de Lula, que lidera as intenções de voto.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que PT e PSB "têm uma trajetória comum na luta pela democracia" e defendeu a "mobilização de forças" para "encerrar esse tempo de sofrimento por que passa o povo brasileiro, de retrocesso, de ações que tiram a esperança no futuro do país."

"Esse ato de filiação tem um imenso significado para o Brasil. Nunca foi tão necessário mobilizar forças pelo nosso país", disse a presidente do PT

"PSB e PT têm uma trajetória comum na luta pela democracia. Nós estivemos juntos no governo, na oposição, na defesa pelo direito dos trabalhadores e trabalhadoras, na soberania nacional. Juntos, fizemos história nesse país e juntos vamos fazer história novamente", completou ela.

O presidente do PSB, Carlos Siqueira, afirmou que a disputa presidencial não será entre a esquerda e a direita, mas sim "entre a democracia e o arbítrio, entre a civilização e a barbárie"

"Nós temos que reconhecer que esta figura nefasta que governa o nosso país é resultado da falência do sistema político, que, embora tenha produzido grandes conquistas sociais, chegou ao momento que se deteriorou e permitiu que figura tão inexpressiva do Congresso Nacional chegasse à Presidência da República. Esta anomalia precisa ser encerrada, e essa anomalia só será encerrada se nós tivermos a grandeza e a capacidade de alargar os nossos horizontes", declarou.

Quem é Alckmin

Um dos fundadores do PSDB, Alckmin deixou o partido no final de dezembro do ano passado, após mais de 33 anos de trajetória na legenda. Na ocasião, afirmou que era um “tempo de mudança” e “hora de traçar um novo caminho”.

Formado em medicina, ingressou na política há 50 anos, já tendo transitado por diversas funções no âmbito do executivo estadual e também do Legislativo: foi vereador, prefeito de Pindamonhangaba, deputado estadual, deputado federal, vice-governador e governador de São Paulo.

Alckmin também já disputou a presidência da República duas vezes. Em 2006, quando perdeu no segundo turno para o ex-presidente Lula, e em 2018, quando ficou na quarta colocação, atrás de Jair Bolsonaro, Fernando Haddad e Ciro Gomes.

Por Marcela Mattos e Luiz Felipe Barbiéri, g1 — Brasília


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