Pesquisa aponta riscos no consumo de água do Rio Capibaribe
Por Allane Silveira
Estudo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) acordou, em amostras de água coletadas no Rio Capibaribe, a presença de bactérias, contaminantes e atividade radiológica em uma quantidade que pode ser prejudicial à saúde da população. Foi o que mostrou a pesquisa desenvolvida por Robert Fernandes , ligado ao Grupo de Estudos em Radioecologia, no Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Energéticas e Nucleares (Proten) . A pesquisa indica também que a origem desse problema pode estar em possíveis desequilíbrios ecológicos. Os resultados do estudo podem ser conferidos em sua dissertação de mestrado intitulada “ Monitoramento Radiológico do Rio Capibaribe no Estado de Pernambuco ”, defendida em agosto de 2024. Robert teve orientação do professor José Araújo dos Santos Júnior e coorientação da professora Zahily Herrero Fernández .
O pesquisador analisou características físico-químicas, microbiológicas e radiológicas de amostras de água coletadas em 17 pontos do Rio Capibaribe, em Pernambuco. Na análise, foram identificados valores que ultrapassam limites estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) em quase todos os pontos de coleta. Esses valores, que estão relacionados à condutividade elétrica, salinidade, sólidos totais dissolvidos, coliformes totais, bactérias Escherichia coli, cloreto e sódio, podem ser influenciados tanto pelas atividades humanas quanto pelos processos naturais. "Essas variações evidenciam que a qualidade da água não é constante, sendo impactada por uma combinação de fatores. Tal instabilidade pode comprometer o equilíbrio do ecossistema aquático, prejudicado a vida aquática, representando riscos à saúde humana (caso a água seja utilizada para consumo) e limitar seu uso para atividade física e outras específicas", alerta Robert.

Além disso, foram encontrados valores extremamente elevados de som. Embora a salinidade da água do Rio Capibaribe seja naturalmente influenciada pela geologia local, os níveis coletados de som estão muito acima do esperado. Esse comportamento atípico levanta um ponto importante de investigação, podendo ser contaminado por efluentes de origem industrial e/ou doméstica. "Os dados encontrados na pesquisa sugerem a presença de poluição. Esta situação exige a adoção de medidas de remediação para a recuperação da qualidade da água", aponta o investigador.
Uma análise das amostras também indicou níveis de radioatividade natural acima do limite permitido pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) em pontos localizados nos municípios de Santa Cruz do Capibaribe, Toritama, Limoeiro, Carpina, Paudalho e São Lourenço da Mata. Também foi identificado um possível risco radiológico associado ao consumo de água nos municípios de Limoeiro e Carpina, onde os valores encontrados foram relativamente mais elevados em comparação com outros locais específicos. Segundo uma pesquisa, o consumo dessa água pode trazer risco potencial para a população mais jovem, como crianças e adolescentes de até 15 anos. “Esses dados reforçam a necessidade de investigações mais aprofundadas nesses locais, com o objetivo de compreender melhor as causas dos valores anormais observados e, posteriormente, propor medidas específicas de controle e mitigação”, destaca Robert. O monitoramento da presença de radiação nos rios é essencial para garantir que a água esteja em condições adequadas para consumo e para atividades agrícolas, por exemplo. Também é importante identificar contaminações de origem industrial, por fertilizantes ou até acidentes nucleares e pode ajudar na criação de políticas de preservação ambiental.
As coletas foram feitas nos dias 4 de outubro de 2022, 16 de fevereiro de 2023 e 4 de outubro de 2023, em pontos que abrangem áreas de nascente, médio curso e foz do rio, localizadas nos municípios de Santa Cruz do Capibaribe, Toritama, Vertentes, Riacho das Almas, Surubim, Salgadinho, Limoeiro, Carpina, Paudalho e São Lourenço da Mata. As análises físicas-químicas, realizadas tanto nos locais de coleta quanto em laboratório, incluíram detalhes de temperatura, pH, condutividade elétrica, salinidade, oxigênio dissolvido, sólidos totais distribuídos, além da quantificação de íons como sódio, potássio, cálcio, magnésio, cloreto, nitrato e sulfato.
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