A Páscoa é a festa maior da fé cristã. Nela se celebra o
mistério da ressurreição de Jesus e a vitória da vida sobre a morte, sintetiza
o arcebispo coadjutor de Montes Claros (MG) e presidente da Comissão Episcopal
Pastoral para Cultura e Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB), dom João Justino de Medeiros.
O bispo destaca que os Evangelhos relatam que na manhã do
primeiro dia da semana, ou no terceiro dia após a morte e o sepultamento de
Jesus, seu túmulo foi encontrado vazio e Jesus ressuscitado se fez ver pelos
discípulos. Iniciava-se, então, a trajetória da fé cristã com os discípulos
anunciando a Boa-nova da ressurreição de Jesus.
Dom João Justino de Medeiros
“A Igreja vive da fé pascal. Toda a vida cristã, toda a
vida eclesial só é possível pela fé em Jesus ressuscitado”.
O termo Páscoa deriva do hebraico pesah e do aramaico
pasha que remetem ao significado de passagem. Povos antigos de cultura
agropastoril celebravam a passagem do inverno para a primavera no hemisfério
norte. Naquele tempo, era costume que os pastores imolassem um cordeiro
primogênito para assar e comemorar a data. Era chamada a festa dos pastores que
marcavam as portas de suas tendas com o sangue dos cordeiros, como um gesto de
proteção contra o mal. Celebrava-se a renovação da vida depois do longo
inverno.
Com Jesus Cristo a Páscoa adquire o sentido da vitória da
vida sobre a morte pela ressurreição. O sangue de Cristo marca a vida do
cristão e lhe garante vida plena, como canta o Precônio Pascal no sábado santo:
Eis a Páscoa, nossa festa, em que o real Cordeiro se imolou. Marcando nossas portas, nossas almas, com seu
divino sangue nos salvou.
Dom Leomar Brustolin. Foto: Amanda Fetzner Efrom
Diante da situação do Brasil atualmente que clama por
justiça, paz e vida digna. A Páscoa pode inspirar a esperança em dias melhores,
vencendo o desespero e a presunção e é sempre uma mensagem de renovação da
vida, empenho de liberdade e superação da morte, aponta o bispo auxiliar de
Porto Alegre (RS), dom Leomar Antônio Brustolin.
“Diante da crueldade da realidade há quem se desespere,
porque as trevas ficaram tão densas que parece ter desaparecido a possibilidade
da aurora. Outros podem achar que a situação nem é tão problemática e com uma
atitude alienada, aguardam que aos poucos tudo se ajeite. É a presunção de não
perceber a gravidade do momento. Somente a esperança pode renovar a vida nesse
país. Para um cristão a esperança tem nome: Jesus Cristo”.
Dom João Justino diz que não há seguimento de Jesus sem
cruz. E na fé, a cruz está radicalmente associada à Ressurreição. Dia-a-dia o
discípulo lida com dores, desafios, sofrimentos, dificuldades, perseguições e,
também, experimenta a alegria da transformação de si mesmo e das situações, da
vitória do bem sobre o mal, da vida sobre a morte.
“Por mais difícil que esteja a situação de nosso país, os
cristãos encontram forças para ser fiel à fé e ao compromisso de contribuir
para a construção de uma sociedade justa e fraterna”.
Ser cristão, nesse contexto, significa agir na certeza de
que o sofrimento e a dor serão transformados em consolação e justiça. E para os
não cristãos? Celebrar e defender a dignidade da vida humana, desde o seu
início até o seu fim natural, se empenhar na garantia da liberdade para todos
os seres humanos é um grande sinal de Páscoa, afirma dom Leomar.
“Para os cristãos essa missão é inerente à fé no
Crucificado-Ressuscitado, para os que não creem no Cristo esse empenho poderá
ter outras motivações, mas certamente todos colaboraremos, enquanto humanidade,
para concretizar a grande novidade que Cristo trouxe com sua Páscoa: “Eu vim
para que todos tenham vida e vida em abundância (Jo 10)”.
Para dom João Justino, os não-cristãos podem encontrar em
quem crê em Jesus Cristo valores importantes para a edificação de um mundo mais
fraterno e justo em que a dignidade da vida seja respeitada.
Fonte: CNBB