Através das unidades de saúde e do projeto Mãe Coruja, gestantes são acompanhadas e recebem orientação sobre a importância do aleitamento materno e planejamento reprodutivo
O corpo da mulher passa por transformações ao longo de toda vida, acompanhando mudanças de ciclos e idade. O tempo marca não só uma passagem cronológica, mas também um período para quem escolhe ser mãe: o puerpério. É durante essa etapa, também conhecida como pós-parto, que o organismo da mulher se readapta, com modificações físicas e oscilações emocionais, aliado às demandas do recém-nascido.
“É no período do ciclo gravídico-puerperal em que as modificações do corpo, provocadas pela gravidez e parto, no organismo da mulher, retornam à situação do estado pré-gravídico. Ele pode se dividir em três períodos, o imediato, que vai do primeiro ao décimo dia após o parto, o tardio, do 11º ao 42º dia, e remoto, a partir do 43º dia”, esclarece a obstetra e técnica da Política de Saúde da Mulher do Recife, Cinthia Komuro.
A especialista detalha também a ligação entre o puerpério e a mortalidade materna. “A importância desse período deve ser ressaltada por conta da sua associação com a mortalidade materna, pois grande parte das complicações clínicas, obstétricas e dos óbitos maternos ocorre no puerpério. Então, é uma fase do ciclo reprodutivo da mulher que devemos ter um olhar diferenciado do ponto de vista de saúde pública”, complementa.
Na capital pernambucana, a Prefeitura do Recife dispõe de protocolos institucionais na Rede Municipal de Saúde para os profissionais e treinamento contínuo para diminuir a taxa de mortalidade materna. Além disso, as orientações sobre o puerpério devem começar durante o pré-natal na Unidade Básica de Saúde, conversando sobre aleitamento materno e planejamento reprodutivo.
As quatro maternidades municipais também realizam esse tipo de atendimento e ofertam orientações sobre os cuidados com o recém-nascido. São elas: Professor Barros Lima, em Casa Amarela; Bandeira Filho, em Afogados; Arnaldo Marques, no Ibura; e o Hospital da Mulher, no Curado. “Ressaltamos a importância do leite materno, que é o melhor alimento para o bebê, e também atua fisiologicamente na regressão do útero e diminuição do sangramento pós-parto”, reforça Komuro.
De acordo com a obstetra, o puerpério pode ser de risco quando a mulher tem uma gravidez e/ou parto de alto risco com condições clínicas que agravam o estado de saúde, como hipertensão, diabetes ou doenças infecciosas que podem complicar essa fase.
Com o objetivo de reduzir a mortalidade materno-infantil ao acompanhar a mulher durante o pré-natal, parto e puerpério, e a criança do nascimento até os 6 anos de idade, a Prefeitura do Recife desenvolve, desde 2014, o Programa Mãe Coruja, modelo exportado do Governo de Pernambuco. Desde a criação do Programa, já são mais de 20 mil mulheres e crianças cadastradas. Atualmente, são 11.401 crianças em acompanhamento nos 18 Espaços Mãe Coruja da cidade.
“O acompanhamento do puerpério no Mãe Coruja começa durante todo o pré-natal. Desde o momento da gestação, nós fazemos orientações individuais e em grupo, Primeiro acolhemos essa mulher, escutamos suas impressões, verificamos se ela está fazendo o acompanhamento correto na unidade de saúde de referência do seu bairro e depois a gente começa as orientações em relação aos cuidados com o bebê”, explica a coordenadora municipal do Mãe Coruja Recife, Cláudia Soares.
O programa municipal já entregou mais de 14 mil kits bebê, com 12 itens de enxoval e higiene. Os materiais são disponibilizados às gestantes cadastradas que realizem, no mínimo, sete consultas de pré-natal no SUS. Para se cadastrar, é preciso estar gestante, fazendo o pré-natal pelo SUS, e residir dentro da área de atendimento. Para ter acesso ao serviço, a mulher deve ir ao Espaço Mãe Coruja mais próximo portando a Caderneta da Gestante do SUS e um documento de identificação.
Os 18 Espaços Mãe Coruja da cidade funcionam nos seguintes locais: Compaz Dom Hélder Câmara, na Ilha Joana Bezerra; Policlínica Waldemar de Oliveira, em Santo Amaro; Policlínica Salomão Kelner, em Água Fria; USF Chão de Estrelas, na Campina do Barreto; Upinha Dra. Fernanda Wanderley, na Linha do Tiro; Centro de Saúde Professor Joaquim Cavalcanti, nos Torrões; Upinha Emocy Krause, na Torre; Centro de Saúde Bido Krause, no Curado; USF Dr. Geraldo Barreto Campelo, em San Martin; Centro de Saúde Gaspar Regueira Costa, no Curado; USF Bernard Van Leer, em Brasília Teimosa; Centro de Saúde Romildo Gomes, na Imbiribeira; Upinha Dr. Hélio Mendonça, no Córrego do Jenipapo; Upinha Dom Hélder Câmara, no Brejo de Beberibe; Upinha Córrego do Euclides/ACS Maria Rita, no Alto José Bonifácio; Centro de Saúde Sebastião Ivo Rabelo, na Cohab; Upinha UR-4/UR-5, na Cohab; Upinha Rio da Prata, no Ibura.
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