Severino Cavalcanti nos deixou na madrugada de 15 de julho de 2020
Nesse período tão breve da existência, Severino Cavalcanti desafiou a sua sina, realizou obras e atingiu a glória como raros teriam conseguido. Trabalhou muito em poucos anos e, como se o pressentimento de que se iria cedo tivesse tocado o seu ombro e dito: Viva toda a sua plenitude. Oriundo de uma família de pequenos agricultores e chegar onde chegou... Viveu intensamente.
Nascido 18 de dezembro de 1930, na cidade de João Alfredo, em Pernambuco, Severino José Cavalcanti Ferreira, ou Seu Zito, como popularmente era conhecido, inicialmente foi prefeito de João Alfredo, depois, sua carreira política como vereador do Recife, foi o seu primeiro ato de uma cena. Nos palcos da política, era conhecido por posições conservadoras. Proeminente político pernambucano, ele se tornou deputado estadual e, em seguida, deputado federal, representando o seu estado. Finalizou sua participação como novamente prefeito de João Alfredo entre 2009 e 2013.
A sua trajetória política foi marcada por altos e baixos, com sucessos e fracassos ao longo dos anos. Foi deputado estadual por sete mandatos, entre os anos de 1967 e 1995 e deputado federal por três legislaturas. Seu espírito criativo, em matéria de temperamento era um sensível, emotivo e na cena política um notável articulador. Enfrentou derrotas em algumas eleições, tanto para cargos legislativos quanto executivos. No entanto, é importante destacar que ele também teve momentos de sucesso em sua carreira política, especialmente ao conquistar mandatos como deputado federal. Clamava pela mudança plena e seus personagens políticos se expressavam em busca de justiça, igualdade e transformação: para si e para os outros.
Um dos momentos mais significativos da carreira política de Severino Cavalcanti ocorreu em 2005, quando foi eleito presidente da Câmara dos Deputados do Brasil. Seu mandato foi marcado por polêmicas e controvérsias. Ele renunciou ao cargo em meio a um escândalo envolvendo denúncias de corrupção, o que afetou sua reputação. Um breve final que engolia a posteridade e da qual ele temia. “Não podia existir coisa pior do que está acontecendo. A posição da presidente Dilma Rousseff não é segura, não se pode confiar que ela vá encontrar solução. O país está naufragando”, afirmou em entrevista.
Além disso, Severino Cavalcanti deixou um legado polêmico na política pernambucana e brasileira. Sua trajetória é um exemplo dos altos e baixos que podem ocorrer na vida política, destacando a importância da ética e da transparência para manter a confiança do público. Importante salientar que familiares de Seu Zito também trilharam pelos caminhos da política. Em 2002, seu filho, Severino Cavalcanti Júnior, ex-prefeito de João Alfredo estava em campanha para disputar uma cadeira na Assembleia Legislativa de Pernambuco quando sofreu um acidente automobilístico junto a esposa e ambos faleceram. Ana Cavalcanti, fisioterapeuta e filha de Severino Cavalcanti foi preparada às pressas pelo pai, conseguiu se eleger e tornou-se deputada. Outro filho, José Maurício foi eleito deputado estadual por dois mandatos entre 2010 e 2018. Foi nomeado Secretário Executivo de Relações Institucionais no governo de Paulo Câmara e Secretário Executivo da Casa Civil.
Severino e Ana Cavalcanti
Severino e Zé Maurício
Cavalcanti Júnior e Severino
Cavalcanti Júnior, Severino e Zé Maurício
As cortinas se fecharam para Severino Cavalcanti na madrugada de 15 de julho de 2020, no Recife enquanto ele dormia. Diversas autoridades publicaram nota de pesar. Uma imensa consternação. De lá para cá são três anos sem o político que lutava para soltar amarras, despertar consciência nos corações, destacar o Nordeste para o Brasil e refletir os anseios do povo, onde reside a liberdade.
Até hoje, os aplausos de esperança ainda reverberam. Seus versos esperançosos de um futuro novo nessa política ainda estão com o ingresso na mão, ávidos pelo espetáculo sem fim. Os retratos de desigualdade e opressão embora apareçam nas paredes do teatro, a plenitude política de viver (bem) à ação e à transformação dos tempos também permanecem dependurados. Deixou três filhos, seis netos e duas bisnetas. Seu velório não aconteceu devido a pandemia, porém inspirou debates, diálogos e reflexão.
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