Uma das figuras públicas mais emblemáticas
dos municípios de Bom Jardim e Limoeiro, Agreste Setentrional de Pernambuco, foi
o Coronel Chico Heráclio, que completaria 128 anos de existência neste dia 03
de outubro. Conhecido como o último dos coronéis dessas cidades, era dono de 20
fazendas. Proprietário rural de destacada influência política nessa região, deixou
um legado importante.
História
Filho de João Heráclio Rêgo e
Josefa Duarte do Rêgo, Francisco Heráclio do Rêgo, nasceu em 1885, no município
do Bom Jardim, teve onze irmãos. Foi enviado pelo seu pai para estudar na
capital Recife, mas não se acostumou com a vida na cidade e voltou pro campo,
se tornando o braço direito do pai na agricultura.
O coronel casou três vezes. O
primeiro casamento com D. Maria Miguel. Cerimônia religiosa, porém, a esposa adoeceu
de febre amarela e morreu, não lhe deixando filhos. O segundo com D. Virgínia
Moraes, e o terceiro casamento com D. Consuelo Salva. Teve mais de 20 filhos
naturais, sendo dos dois matrimônios e fora do casamento.
Habilidoso com negócios, ilustra
dois casos que renderam bastante lucro. O primeiro, Chico ia sempre a Limoeiro
fazer as compras a cavalo. Numa dessas viagens, na volta, parou em Bom Jardim e
deparou-se com um homem que estava vendendo doze vacas magras, por preço muito
atrativo. Três meses depois, os animais já bem nutridos e foram vendidos por três
vezes mais do que valor investido na compra. Num outro caso, após a morte da
primeira esposa, o pai, João Heráclio Rêgo para consolá-lo, presenteou-o com
uma vaca leiteira que, sob os cuidados de Chico, logo aumentou a produção de
leite e derivados, tendo como consequência um lucro substancial.
Francisco Heráclio começou a
fazer política, apoiado pelo então Senador Dr. Severino Pinheiro, (eleito por
Pernambuco). Em 1922, Chico foi eleito Prefeito de Limoeiro, apoiado por Dr.
Severino Pinheiro e Estácio Coimbra, que seria eleito Governador de Pernambuco
em 1926.
Em 1945, Chico Heráclio aproveitou o prestígio político a qual desfrutava naquele momento e lançou seu filho mais velho, Heráclio, como candidato a Deputado Estadual, e, a pedido do seu amigo Professor Antônio Vilaça, apoiou Costa Porto para Deputado Federal, fazendo dobradinha com o filho. Ambos foram eleitos.
Com a redemocratização, houve
dissidência política na família Heráclio. Chico Heráclio filiou-se ao Partido
Social Democrático (PSD), enquanto o irmão, Jerônimo Heráclio, vinculou-se ao
União Democrática Nacional (UDN). Em Limoeiro, os Arruda, oposição a Chico
Heráclio, se filiaram a UDN e passaram a serem companheiros do partido de
Jerônimo Heráclio. Os coronéis tinham muito poder, os currais eleitorais eram
fechados.
Segundo
relatos, Chico Heráclio desfrutava de muitos votos e prestígio. Assim sendo, poderia
prejudicar e ajudar muita gente com sua influência. Acumulou um patrimônio significativo,
proveniente da compra de fazendas e de gado (tinha um rebanho com mais de dez
mil cabeças de gado). Na política, elegeu deputado o filho mais
velho, e um outro filho, prefeito, em 1947. Era muito rico, possuía grande presença de espírito,
raciocínio rápido e uma resposta na “ponta da língua” para cada situação. Homem determinado e de coragem, nunca deixou de cumprir o prometido. Era o caminho para o apogeu de sua vida, em
prestígio, dinheiro e poder, que se estendeu do início da década de 1950, até
1960.
Durante sua segunda viuvez, Chico Heráclio atingiu o ápice do seu prestígio. O ponto culminante foi o brinde com Agamenon Magalhães em 8 de abril de 1951, quando da inauguração da água encanada em Limoeiro. Chico continuou em evidência por mais dez anos, quando então sua vida começou a declinar.
O Coronel Chico Heráclio morreu no dia 17 de dezembro de 1974, aos 89 anos de idade. O boletim médico informava que ele era diabético, semiparalítico, com problemas cardíacos.
Museu de Limoeiro
Desde 2017 tramita um
requerimento na Câmara de Vereadores de Limoeiro, solicitado pelo vereador
Professor Marcos Sérgio, pedindo que a Casa onde residiu o Coronel Chico
Heráclio se torne Museu da Cidade de Limoeiro. O imóvel fica a aproximadamente 1,7 km da sede
da Prefeitura Municipal de Limoeiro. Grande representação da arquitetura da
época está localizada próxima às margens do Rio Capibaribe.
A estrutura física da casa permanece do mesmo jeito, paredes grossas, portas, corrimão e escada de madeira, portões pesados de ferro. Com toda a mobília conservada da época dos primeiros donos, na garagem da podemos encontrar um exemplar do automóvel pertencente ao Coronel. Móveis também são da época do Coronel, cadeiras, cristaleiras, mesas imóveis. No escritório ainda está o cofre e o relógio de uso pessoal dele. Fotografias da família decoram as paredes e o mobiliário, as molduras de alguns quadros são também muito antigas.
Segundo o vereador autor do requerimento, o monumento tem um valor histórico inestimável para a região. “Que seja feita nesta casa um grande museu. Para fazer pesquisa e catalogação. E ser exposto todos os bens que estão no interior dela. Para que a memória da cidade de Limoeiro seja perpetuada”, afirmou Professor Marcos Sérgio.
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