Na somatória de 2024 com o próximo ano, 31.380 mulheres dos nove estados da região Nordeste do país devem ser diagnosticadas com um tumor maligno na mama. A Bahia, que é o mais populoso da região, responde por 27% destes casos, mas a maior prevalência da região é registrada no Ceará, com 54,13 casos para cada 100 mil pessoas. Em alusão ao Outubro Rosa, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) reforça a importância da adoção de um estilo de vida saudável e outras medidas preventivas
Somando a incidência dos nove estados da região Norte, a projeção é que sejam registrados 15.690 novos casos de câncer de mama em cada ano do biênio 2024/2025, totalizando assim 31.390 mulheres nordestinas recebendo o diagnóstico da doença no período. Um em cada quatro destes casos serão registrados na Bahia, com prevalência de 43,28 casos (taxa ajustada) para cada 100 mil pessoas. A maior taxa de prevalência da região, por sua vez, é observada no Ceará, com 54,13 registros. Os dados são de levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) nos dados oficiais do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
O Nordeste é a região do país com o maior número de pessoas declaradas não brancas do país e esse fator exerce uma relação na epidemiologia do câncer de mama. A Bahia é o estado mais negro do Brasil, com 80,8% da população preta ou parda, sendo que esta ancestralidade está relacionada com o perfil da doença. Um estudo publicado em 2023 na revista científica Clinical Breast Cancer, avaliou a ancestralidade genética e dados clínicos de 1.127 mulheres diagnosticadas com câncer de mama.
Observou-se que são mais altas as taxas de tumores HER-2+ e tumores triplo negativos, de mais difícil tratamento, entre as mulheres de ascendência africana nas regiões Norte e Nordeste. Nessa população, os autores observaram maiores taxas de doença avançada e metastática no momento do diagnóstico, sendo os tumores triplo-negativos mais frequentes em mulheres jovens.
“Encontramos diferenças na ancestralidade genética, etnia autorreferida e subtipo molecular entre as regiões demográficas brasileiras. O conhecimento dessas características pode contribuir para uma melhor compreensão da idade ao diagnóstico e da distribuição molecular do câncer de mama no Brasil e contribuir, inclusive, para as políticas de rastreamento”, afirma René Aloísio da Costa Vieira, um dos autores do estudo e coordenador da Comissão de Neoplasias da Mama da SBCO.
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Alagoas | 690 | 34,89 |
Bahia | 4.230 | 43,28 |
Ceará | 3.080 | 54,13 |
Maranhão | 1.060 | 28,29 |
Paraíba | 1.180 | 41,37 |
Pernambuco | 2.880 | 46,40 |
Piauí | 860 | 41,89 |
Rio Grande do Norte | 1.140 | 50,11 |
Sergipe | 570 | 42,11 |
TOTAL | 15.690 |
NÚMEROS DE CÂNCER DE MAMA EM TODO O PAÍS E NO MUNDO
O câncer de mama, doença que representa três em cada dez casos de câncer nas mulheres brasileiras, é o mais comum em mulheres de 157 países. No Brasil, a projeção para 2024 e 2025, é que 73.610 mulheres, em cada um destes anos, devem receber o diagnóstico de câncer de mama. Em todo o mundo, são registrados 2,3 milhões de novos anuais, com projeção de saltar para 2,9 milhões em 2035, o que representa um aumento de 27% no número absoluto de casos na próxima década. No período, a projeção é que a mortalidade anual por câncer de mama passe de 666 mil para 888 mil, um aumento de 33%. O câncer de mama não é exclusivo das mulheres. Cerca de 0,5% a 1% dos casos, segundo a OMS, ocorrem em homens. Isso representa 1 caso em homem a cada 100 a 200 casos em mulheres.
Os dados acima, referenciados pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) e os levantamentos Cancer Today e Cancer Tomorrow da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer da Organização Mundial da Saúde (IARC/OMS), precisam ser vistos além dos números, alerta a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), que reforça a importância da campanha Outubro Rosa para a conscientização sobre a doença, estimulando, junto à população, medidas para prevenção primária (evitar que a doença ocorra, por exemplo, com adoção de estilo de vida saudável), prevenção secundária (diagnóstico precoce) e terciária (início do tratamento em prazo adequado, com qualidade).
“A estratégia mais inteligente a ser adotada por todos é a do incentivo à prevenção. A redução da carga nacional e global de câncer de mama passa por uma dieta equilibrada, prática de atividade física, redução e manutenção do peso, limitação do consumo de bebidas alcoólicas e não fumar. Com isso, se reduz a incidência e menos mulheres vão receber o diagnóstico e via a necessitar de tratamento”, observa o cirurgião oncológico Rodrigo Nascimento Pinheiro, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e titular do Hospital de Base, de Brasília.
Sobre a SBCO - Fundada em 31 de maio de 1988, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) é uma entidade sem fins lucrativos, com personalidade jurídica própria, que agrega cirurgiões oncológicos e outros profissionais envolvidos no cuidado multidisciplinar ao paciente com câncer. Sua missão é também promover educação médica continuada, com intercâmbio de conhecimentos, que promovam a prevenção, detecção precoce e o melhor tratamento possível aos pacientes, fortalecendo e representando a cirurgia oncológica brasileira. É presidida pelo cirurgião oncológico Rodrigo Nascimento Pinheiro (2023-2025).
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