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quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Associação de Mulheres Quilombolas é fundada em Brejinho para resgatar histórias e tradições africanas

A nova entidade social pretende promover o uso de ervas medicinais, valorizando a antiga cultura. 


O povoado de Brejinhos, no município de João Alfredo, Agreste Setentrional de Pernambuco, foi recentemente reconhecido como uma área quilombola. Com suas raízes históricas, manifestações culturais e tradições de matrizes africanas, a região está vendo surgir uma nova associação voltada para as mulheres quilombolas.


Segundo Cláudia Rosendo, representante da iniciativa, a ideia de fundar a entidade social surgiu do desejo de resgatar aspectos culturais e históricos perdidos ao longo do tempo, como a gastronomia e as raízes da localidade. “Mostrar a nossa cultura novamente, trazer de volta, pois muita coisa foi perdida. Retornando tudo através das manifestações culturais, das nossas raízes históricas e as tradições de matrizes africanas”, frisou Cláudia.


Cláudia Rosendo também ressalta que um dos objetivos da associação será revitalizar o consumo de ervas medicinais, tão presente na cultura nordestina e utilizado pelos nossos antepassados. "Queremos trabalhar com ervas medicinais, pois aqui temos muitas delas. Queremos resgatar essa tradição, uma vez que os medicamentos atuais podem causar efeitos colaterais que prejudicam a saúde, em certas situações. Queremos mudar essa realidade", enfatizou a representante da Associação. 


Brejinho é uma comunidade festiva, com eventos anuais celebrando a cultura afrodescendente. Entre eles destaca-se o Bloco das Pretas, fundado em 2024, que animou os foliões do carnaval de João Alfredo. Em novembro, durante o Dia da Consciência Negra, a localidade promove o "Encontro de Mulheres Negras" e em dezembro celebra a festa da padroeira, Nossa Senhora da Conceição, reunindo fiéis de todo o estado.


Culturalmente, a comunidade abriga a sede do Maracatu Odara, muito conhecido no Agreste Pernambucano. Cláudia aponta o desejo de promover outras manifestações culturais. "Queremos resgatar o coco de roda, a ciranda, movimentos importantes na nossa região que precisam ser mais valorizados", afirma.

Quanto às raízes históricas, a região ainda preserva o Sítio Santa Cruz, um dos cenários da escravidão no Brasil, localizado na entrada da localidade. Cláudia Rosendo destaca o valor dessa área para a comunidade quilombola. "Aqui temos histórias do Casarão dos Arrudas, onde os escravos resistiram ao sistema opressor da época", observa.

Cláudia ressalta que a criação da associação conta com apoio da gestão atual do prefeito Zé Martins na comunidade de Brejinho. "O povoado melhorou bastante com investimentos em infraestrutura. Esperávamos pelo calçamento há 50 anos. O prefeito está concluindo a iluminação na região, enquanto estamos vendo os investimentos chegarem", conclui Rosendo.

Para Cláudia, resgatar essas tradições e histórias tem um valor imensurável. "Nosso povo nunca saberá completamente de onde veio, por isso é nosso dever preservar essas tradições e histórias, para mostrar às próximas gerações o valor de nossa cultura", finaliza com emoção e entusiasmo, Cláudia Rosendo.


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