No dia 24 de junho festeja-se o nascimento de São João Batista, o precursor de Jesus Cristo. Muitas festas populares existem inspiradas nesta data, as mais famosas são as de São João. Criadas pelos camponeses europeus para celebrar o início do verão, o evento chegou ao Brasil durante a colonização com a chegada dos portugueses. “É uma festa de mudança de estação e, portanto, início de um período de mais sol, a festa do sol vencedor”, explica o presidente da Comissão para a Liturgia, dom Armando Bucciol.
Dom Armando Bucciol, presidente da Comissão para a Liturgia da CNBB. Crédito: Matheus de Souza/CNBB
Fogueiras, bandeirinhas, música, quadrilha são características típicas das festas juninas, como são conhecidas. “Atualmente é celebrada por tantos motivos de tipo cultural com elementos que sem dúvida tem um fundo religioso, mas antes de tudo tem elementos antropológicos”, afirma dom Armando. Do ponto de vista litúrgico, a festa de São João possui uma grande riqueza teológica. A figura de João Batista, profeta que se encontra na Bíblia entre o primeiro e o segundo testamento é marcante na história religiosa do povo de Israel.
Filho de Zacarias e de Isabel (prima de Maria, a Mãe de Jesus), João pregava um batismo de penitência e batizou muitos judeus, inclusive Jesus, no Rio Jordão. Daí a origem de ser chamado Batista, porque batizava com água. A mando do Rei Herodes, João foi aprisionado e levado para a fortaleza de Macaeros, onde foi mantido por dez meses. O motivo deste aprisionamento apontava para a liderança de uma revolução. Herodíades, por intermédio da filha Salomé, conseguiu que Herodes matasse João Batista e entregasse a sua cabeça numa bandeja.
João Batista, nome que significa “Deus é propício”, é o precursor de Jesus, aquele que preparou os caminhos do Senhor. No tempo litúrgico, dom Armando Bucciol explica que João Batista nasceu cerca de seis meses antes de Jesus; portanto a Festa de São João foi fixada no dia 24 de junho, seis meses antes da véspera do Natal. É o único santo cujo nascimento e martírio, este último no dia 29 de agosto, são evocados em duas solenidades pelos cristãos.
Pessoas festejam em Arraiá do Povo, em Aracaju. Crédito: Secom/Governo do Sergipe
Desse modo, a noite de 23 de junho, véspera do Dia de São João, marca o início da celebração da festa de São João Batista. Além da comemoração religiosa, os costumes regionais se mostram presentes. No Brasil, os famosos arraiais com música e comidas tradicionais acontecem em vários cantos do país. “Infelizmente constato aquilo que aconteceu na Europa, onde todas as festas populares estão sendo manipuladas. Eu vejo que essa festa está sendo dominada por trios sonoros, cantores famosos, perdendo aquilo que era a originária festa popular feita na comunidade, com as famílias interagindo entre elas, partilhando”, chama atenção dom Armando.
“Eu desejo também que nós como Igreja possamos ajudar o povo a recuperar os valores humanos intrínsecos a essas festas populares e que a festa litúrgica não seja pretexto para festas que não tenham nada de espiritualidade autêntica como João Batista apontava”, conclui o bispo.
Fonte: CNBB
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