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quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Colóquio trata de vacina para usuários de cocaína e crack


Uma pesquisa brasileira bem-sucedida está prestes a ganhar novo status, junto Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), e se tornar uma importante ferramenta contra o vício da cocaína e do crack. O tema será abordado, nesta quarta-feira (dia 29), no colóquio “Vacina para usuário de cocaína: resultados de uma experiência brasileira” e o convidado para falar a respeito, no Recife, é o professor Frederico Garcia, um dos líderes no desenvolvimento dessa vacina. A realização é da Secretaria de Políticas de Prevenção à Violência e às Drogas.
O secretário Cloves Benevides foi o idealizador do evento. Cloves Benevides classifica as políticas sobre drogas como um tema complexo e importante para toda a sociedade. “A pesquisa e o conhecimento acadêmicos são fundamentais para enriquecer o debate em busca da melhor compreensão do assunto, que envolve muitas variáveis”, afirmou o secretário de Políticas de Prevenção à Violência e às Drogas.
O evento é direcionado para profissionais que estudam ou trabalham com políticas sobre drogas, saúde pública, assistência social e segurança, mas aberto a todos os interessados. A inscrição é gratuita e feita a partir da página da Secretaria de Políticas de Prevenção à Violência e às Drogas, www.prevencao.pe.gov.br.

O professor Frederico Garcia é médico psiquiatra e chefia o Núcleo de Pesquisa em Drogas, Vulnerabilidade e Comportamentos de Risco a Saúde, além de coordenar o Centro de Referência em Drogas da UFMG. O seu trabalho tem sensibilidade social, como comprova sua participação no apoio às vítimas da tragédia de Brumadinho. O seu currículo tem títulos de PhD, pós-doutorado na França entre outras citações nas 18 páginas registradas na Plataforma Lattes.
A ideia de desenvolver a vacina anticocaína surgiu, explica Frederico Garcia, como consequência da busca por apoio para mulheres usuárias de crack, que não conseguiam manter a abstinência, mesmo grávidas. Ao tomar conhecimento de uma vacina norte-americana, estudou o trabalho e, a partir de uma troca de ideias com outros pesquisadores, passou a desenvolver outro modelo de vacina, mais eficiente que a norte-americana.
A vacina anticocaína age como outras vacinas. Uma molécula modificada da cocaína é inoculada no organismo. Dessa forma, a vacina induz o sistema imunológico a identificar qualquer molécula de cocaína como “ameaça”, que passa a neutralizá-la. Dessa forma, a cocaína não consegue chegar ao cérebro, não produzindo os efeitos.
O uso problemático da cocaína e derivados como o crack representa um grave problema de saúde pública e preocupa nações do mundo inteiro. Estudo da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Fife), vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), classifica o Brasil como o segundo maior consumidor de cocaína no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. A Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) aponta a cocaína como a segunda droga mais consumida no Brasil.
Todo usuário tem garantido por lei o direito à assistência. O tratamento para quem abusa do álcool ou qualquer tipo de droga pode ser encontrado na rede de serviços psicossociais, como as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), por exemplo.


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