Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos de Bom Jardim contra exploração sexual

Pesquisar neste blog

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Universitária de Salgueiro que ficou 7 meses com caco de vidro do nariz faz novas cirurgias em São Paulo

Vítima de um acidente de ônibus que causou afundamento de parte do seu rosto, Kedydja Cibelly fez ontem novos procedimentos cirúrgicos para apagar as cicatrizes da sua face

Depois de conviver por sete meses com resquícios de asfalto no rosto e um caco de vidro no nariz que dificultava a sua respiração, a estudante universitária Kedydja Cibelly, 20 anos, moradora do município de Salgueiro, deu mais um passo ontem na busca de apagar as cicatrizes de seu rosto. Ela fez novos procedimentos cirúrgicos num hospital de São Paulo, passando quatro horas numa sala de cirurgia. Foi feita remoção de gordura no abdômen para fazer a enxertia de gordura na testa e correção de cicatrizes no nariz e também na testa. Foram retirados ainda resquícios de asfalto e de vidro do seu rosto, numa quantidade inferior à encontrada no primeiro procedimento, realizado em junho no mesmo hospital em São Paulo. A previsão é que a estudante fique em recuperação por 15 dias na capital paulista.

“O médico disse que deu tudo certo e eu me sinto cada vez mais aliviada. A sensação é como se tivesse moldando meu rosto para ser como era antes. Sei que não será possível ficar igual mas pelo menos 90%”, revela ela, adiantando que terá que fazer pelo menos mais dois procedimentos cirúrgicos nos próximos seis meses. A maratona de procedimentos enfrentada pela universitária é para para corrigir as cicatrizes no rosto causadas pelo acidente de ônibus que provocou afundamento na sua testa, perda de cartilagem do nariz e comprometeu uma das sobrancelhas. O acidente de ônibus do qual a estudante universitária foi vítima aconteceu no dia 16 de novembro de 2020, quando ela retornava de Picos (PI) para sua casa, em Salgueiro. O ônibus capotou e a estudante se desprendeu do cinto de segurança e seu rosto foi arrastado no chão e ficou debaixo do veículo por cerca de dez minutos, provocando danos em seu rosto.

Todas as despesas dos procedimentos cirúrgicos estão sendo pagas pela empresa responsável pelo ônibus que capotou e causou danos no rosto de Kedydja. No mês de julho, a 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) decidiu, por unanimidade, que a empresa de transporte Viação Progresso tem que bancar o tratamento de saúde da estudante, que precisa continuar com acompanhamento psiquiátrico para se livrar da depressão e fazer novos procedimentos cirúrgicos em São Paulo. A decisão da 6ª Câmara Cível do TJPE ratificou a liminar do desembargador Fernando Antônio Araújo Martins, da 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça, que em maio passado concedeu decisão em caráter provisório ao recurso interposto pelo advogado da vítima, Eduardo Lemos Barbosa, especialista em indenizações e em Direito de Família, para que a estudante iniciasse tratamento através de consultas para avaliação médica e depois concedeu autorização para o primeiro procedimento cirúrgico, realizado em junho.

“Eu fico muito feliz por  Kedydja ter dado mais um passo para evolução do seu tratamento, com os novos procedimentos cirúrgicos para corrigir as marcas do seu rosto. Tudo isso graças à  decisão judicial do Tribunal de Justiça de Pernambuco, que, através do desembargador Fernando Antonio de Araújo Martins, concedeu decisão em caráter provisório ao nosso recurso para que Kedydja iniciasse seu tratamento, decisão esta que acabou sendo ratificada pela 6ª. Câmera Civil do TJ há pouco mais de um mês”, destaca o advogado Eduardo Barbosa. O  advogado de defesa recorreu da decisão do juiz da primeira instância em abril, quando o pedido da estudante de fazer cirurgias reparadoras para corrigir os danos causados pelo acidente havia sido negado. A segunda instância reconheceu o direito da vítima.

PRIMEIRA CIRURGIA


A estudante fez a primeira cirurgia em São Paulo no mês de junho. Foram sete horas numa sala de cirurgia onde ela fez uma rinoplastia, correção de cicatriz e enxerto de gordura na face. Depois do procedimento, Kedydja começou a se olhar no espelho, hábito que deixou de fazer depois do procedimento cirúrgico no dia seguinte ao acidente. “Consegui me ver de novo no espelho depois da retirada dos pontos”, conta ela, mostrando o caco de vidro que foi retirado durante a rinoplastia. A cirurgia ocorreu exatamente sete meses depois da madrugada do acidente que mudou a rotina da estudante, que voltava de uma viagem de Picos, cidade do Piauí onde nasceu, para o município onde mora, Salgueiro, no Sertão de Pernambuco. Kedydja, que cursa Engenharia de Produção na Universidade do Vale do São Francisco (Univasf), decidiu deixar os pais em Picos para onde havia viajado para votar e retornar para Salgueiro dois dias antes do combinado com a família.

“Tinha muitos casos de Covid lá e fiquei com muito medo de morrer, porque perdi minha vó para esse vírus”, conta ela. A menos de duas horas de chegar em casa, o ônibus virou na estrada do município pernambucano de Orobó e todos os passageiros sofreram ferimentos, mas a situação de Kedydja foi a mais grave. Ela revela que o cinto de segurança não a conteve no impacto e foi arredada, caindo com o rosto no chão. “Fui jogada embaixo do ônibus e  fui arrastada. Gritava de dor. Um despero”, recorda ela, informando que outras pessoas conseguiram suspender o ônibus para ela sair, quando foi socorrida por um advogado até o hospital de Ouricuri. A primeira cirurgia ocorreu num hospital público em Petrolina, município onde moram os pais da estudante.

Kedydja Cibelle é filha de uma pensionista e de um motorista. Seu pai está desempregado desde 2018. Em 2020, após a morte da sua avó em Picos no mês de julho, seus pais migraram para Petrolina, em busca de oportunidades. Não conseguiram e acabaram voltando temporariamente para Picos no período das eleições para trabalhar para um amigo que era candidato a vereador. Eles pediram para a filha viajar de Salgueiro, onde ela faz faculdade, para o município piauiense para votar no segundo turno. Pelas condições financeiras em que os pais se encontram, não havia, segundo ela, condições de bancar o tratamento.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário