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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Falta de repasses do FPM em 2003 atrapalhou as eleições em 2004

Reportagem especial lembra que prefeitos da região do Agreste pernambucano disseram que não conseguiam administrar a cidade pela falta de recursos e não elegeram sucessores

Em 2023, um dos fatos mais marcantes do ano foi a paralização de centenas de prefeitos de 16 estados brasileiros que aderiram ao movimento “Sem FPM não dá, as prefeituras vão parar” - e interromperam suas atividades administrativas, em decorrência da queda no valor repassado do governo federal via o Fundo de Participação de Munícipios (FPM).

O FPM é uma transferência obrigatória da União para os municípios brasileiros. Criado pela emenda constitucional nº 18, em 1965, atualmente, o artigo 159 da constituição determina que 22,5% da arrecadação líquida do Imposto de Renda (IR) e do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) devem compor o fundo.

Os repasses são realizados a cada dez dias pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), vinculada ao Ministério da Fazenda, com base na arrecadação do período anterior. O montante global é transferido ao Banco do Brasil, que fica responsável por realizar os repasses ás contas corrente dos municípios, com base em critérios determinados em lei.

Valor menor em 2023


No ano passado esse valor foi menor do que esperado pelos gestores municipais, trazendo preocupação e obrigando alguns a tomar medidas drásticas como, publicar um decreto municipal para tentar conter os gastos e ajustar as economias de acordo com o valor transferido.

A justificativa dada pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), sobre a diminuição do valor em 2023, que houve queda de repasses em julho e agosto, quando comparados com o mesmo mês em 2022: o mês de julho fechou com uma queda de 8,63% e agosto com uma redução de 8%.

A queda do valor total dos repasses do FPM vem da redução da arrecadação, de acordo com a CNM. Segundo dados da Receita Federal, de janeiro a julho, por exemplo, houve queda na arrecadação total do IPI (-12,9% em relação a 2022) e do IRPF (-3,5%) e do IRPJ (-5,6%). A confederação também aponta que houve um aumento das restituições do IR.

Agreste Setentrional de Pernambuco    

No Agreste Setentrional de Pernambuco não foi diferente, os prefeitos dessa região também sofreram com a diminuição do valor do FPM. Mas recordando nossos arquivos não é a primeira vez que o governo Lula toma uma medida dessa referente aos municípios.

Em seu primeiro mandato em 2003, o atual presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também tomou tal medida. Vamos agora relembrar como os prefeitos da região do Agreste pernambucano conseguiram resistir a tal medida e como conseguiram tocar a prefeitura com um valor menor, já que também esse tipo de localidade recebe um montante a menos comparado com outros municípios, pois o valor determinado para repasse se baseia na contagem da população da cidade.

Falta de Repasses


Em 2003 o prefeito Fabinho Rufino (PFL, hoje o DEM), filho do Coronel Sebastião Rufino, estava no seu último mandato como gestor, tinha sido eleito em 1996, se reelegeu em 2000. Segundo os bastidores, Fabinho Rufino comentava que perdeu a eleição do seu sucessor porque deveria ter feito mais trabalhos e projetos na cidade, mas devido à falta de recursos não enviado pelo governo federal, não conseguiu eleger o sucessor.

O pai do prefeito Fabinho Rufino, Coronel Sebastião Rufino (PFL hoje o DEM), era na época deputado estadual, chegou a comentar em entrevista na Rádio Cultural de Limoeiro no programa Jornal do Meio-Dia, com Sérgio Silva, que o filho dele tinha dificuldade de administrar a cidade devido à falta de recursos que o presidente Lula estava repassando naquela época.

Em Machados, o prefeito daquela época Manoel Custódio (PSDB), também chegou a ir para Rádio Cultural FM, no programa, 96 É Notícia, inclusive dizendo que a prefeitura iria fechar, estando em crise por falta de recursos.

Lamentando que o presidente Lula não estivesse passando o valor como deveria. Apoiando o seu sucessor que era seu vice-prefeito, Sílvio Borba não conseguiu a vitória sobre seu adversário, porque deveriam ter feito mais trabalhos e projetos na cidade.

Todos esses fatos foram públicos e notórios perante a população. E esse mesmo cenário se repetiu em 2023, com o mesmo governo e no seu primeiro ano de mandato. Em 2024 será o ano de reeleição e sucessão de muitos prefeitos. Será que os gestores municipais da região poderão pagar esse preço, por falta de recursos advindo do governo federal que caiu? Aguardamos os próximos capítulos.


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