Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos de Bom Jardim contra exploração sexual

Pesquisar neste blog

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

HC-UFPE é primeiro hospital público do Brasil a realizar procedimento para tratamento de doença ocular rara

Paciente de Belo Jardim realizou a primeira de oito sessões de infusão para controle da Doença Ocular da Tireoide (DOT), nesta terça (25)
 
Hospital das Clínicas da UFPE é o primeiro hospital público do Brasil a realizar o tratamento de uma paciente que tem a Doença Ocular da Tireoide (DOT), uma condição rara, crônica e de caráter autoimune, caracterizada pela inflamação e deslocamento do globo ocular para frente que, em casos mais graves, pode causar cegueira. O HC-UFPE é uma unidade vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
 
Inovador, o tratamento da feirante Maria José Alves da Silva, de 51 anos, moradora de Belo Jardim, cidade do Agreste pernambucano (a 180 km do Recife), começou nesta terça-feira (25), no hospital-dia do HC, com a realização da primeira de oito infusões, com intervalo de três semanas entre elas.
 
“Essa medicação (Tepezza) é um imunobiológico baseado em anticorpos monoclonais direcionados ao foco do problema, que ‘desligam’ a proteína causadora da inflamação da DOT, sendo mais eficaz e com menos efeitos adversos do que o tratamento atual, baseado em corticoides. Além disso, ela reduz o volume dos músculos extraoculares provocando a diminuição do inchaço, algo que nenhum outro tratamento faz”, explica a oftalmologista do HC, Ana Karina Teles, especialista em órbita e oculoplástica.
 
O Brasil foi o segundo país do mundo a liberar a medicação em julho de 2023, com a aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), três anos após a aprovação na agência similar americana, a FDA (Food and Drug Administration).
 
“Estou muito feliz e esperançosa de que vou melhorar. Não doeu nada e até dormi durante a aplicação. Espero que outras pessoas possam ter acesso a essa medicação e aos profissionais dedicados que encontrei aqui no Hospital das Clínicas”, disse Maria José.
 
Como é uma doença autoimune, a DOT pode ser deflagrada com um gatilho emocional, como aconteceu com Maria José, há dois anos, quando ficou em depressão provocada pela morte da mãe. Essa mesma condição afeta a glândula tireoide causando a Doença de Graves, marcada pelo hipertireoidismo. “Na fase mais grave, eu não conseguia olhar para frente nem para cima. Só para baixo. Era horrível. Foi quando procurei ajuda e fui encaminhada para cá (o HC)”, comenta a belo-jardinense.
 
A oftalmologista Ana Karina Teles explica que nem todos os casos de DOT terão a indicação da medicação, mantendo-se o tratamento atual, baseado em corticoides e cirurgia plástica para a recolocação do globo ocular na órbita. “O paciente passa por exames de imagem, como a ressonância magnética, e uma série de avaliações para saber se é candidato. Não são todos os pacientes que vão ter a indicação ou que vão responder bem ao tratamento, que é indicado ao paciente com a visão dupla, o que chega a ser incapacitante para algumas pessoas. Também é indicado quando os músculos estão muito aumentados e causam dor, além daqueles casos em que a cirurgia (de recolocação do globo ocular na órbita) tem suas limitações”, pontua.
 
Único ambulatório do Estado especializado em órbita, o HC recebe pacientes de várias cidades do interior e até de alguns Estados do Nordeste, muitos deles para tratar a DOT, que é mais comum entre mulheres (16 casos a cada 100.000 pessoas), mas entre os homens (3 casos a cada 100.000 indivíduos) a doença costuma ser mais grave.
 
“Estar entre os primeiros hospitais do Brasil a realizar esse procedimento é muito importante para o HC, que é um grande centro formador de profissionais. Isso gera um impacto imenso também para os pacientes, pois muitos deles desconhecem a doença. E quanto mais cedo houver o diagnóstico e o tratamento, melhor será para o paciente. A DOT causa dores e sofrimento e pode levar a problemas irreversíveis”, finaliza Ana Karina.
A medicação ainda não está no rol de procedimentos, medicamentos e OPM (órtese, prótese e meios auxiliares de locomoção) do Sistema Único de Saúde (SUS).
 
Sobre a Ebserh

O HC-UFPE faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário