O músico nos deixou aos 76 anos, vítima de câncer de próstata
Um dos maiores ícones da música popular brasileira, o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, o “Velho Lua” como era conhecido, colecionou sucessos na carreira artística. Hoje dia 02 de agosto de 2025, completa 36 anos de sua partida.
Quando faleceu Gonzaga não tinha a dimensão da sua importância, da sua existência e contribuição para música nordestina.
Luiz começou sua jornada musical ainda jovem. Nascido no ano de 1912, no Sítio Caiçara, em Exu, no Sertão de Pernambuco.
Filho do também sanfoneiro Januário, com Ana Batista, revolucionou a música brasileira ao popularizar o Baião nas décadas de 1940 e 1950. Foi influenciado pelas raízes nordestinas e pelos ritmos tradicionais da região, e influenciou Geraldo Vandré, Raul Seixas, Gilberto Gil, Caetano Veloso e outros famosos e anônimos.
Seu talento como músico, cantor e compositor divulgou o nome de Pernambuco no Brasil e no mundo. Seu timbre inconfundível, combinado a habilidade de tocar a sanfona, tornou-o num dos artistas mais queridos e respeitados do país e ainda o levou a conquistar incontáveis fãs, com hits como "Asa Branca", "Baião" e "Xote das Meninas".
Ele era considerado um artista completo, por sua criatividade, importância e generosidade no meio musical. Em cinco anos, Gonzaga gravou cerca de setenta músicas.
Conquistou uma legião de fãs durante e depois de sua trajetória, passando de geração a geração seu legado. Entre eles está o Sr. Manoel Carlos, 86 anos, residente na cidade de Limoeiro, Agreste de Pernambuco. O sanfoneiro relata um pouco da convivência com Gonzaga.
“Além das histórias que tenho com o “Velho Lua”, possuo um acervo particular vasto sobre o Rei do Baião, com discos, livros, álbuns e histórias sobre o artista. E inspirado nele que compôs uma música homenageando a cidade de Limoeiro”, afirma Manoel.
Luiz Fausto, sobrinho de Luiz Gonzaga, mais conhecido como Piloto Gonzaga, destaca que o artista era uma pessoa muito bem humorada. Colocava apelido nos que dele fosse próximo. “Dominguinhos, Piloto, Salário Mínimo, foram nome que ele “batizou” e até hoje permanece. Era um homem de fé, era generoso, ajudava as igrejas e a quem o procurasse. O São João com Gonzagão era sinônimo de multidão”, ressaltou Fausto.
José Braxandes dos Santos foi o último vaqueiro de Luiz Gonzaga em Exu, em entrevista ao blog relatou à convivência com o "Velho Lua". "Era um patrão muito bom. Sinto muita falta dele, o terreno onde hoje tenho uma casa foi ele que deu a família. Só tenho o que agradecer por tudo que ele fez por mim", destacou seu José.
Em 2022, o escritor Paulo Vanderley lançou o livro “Luiz Gonzaga: 110 anos do nascimento” sobre o Rei do Baião e comentou detalhes do material. “A inspiração do livro veio do próprio Gonzaga, suas obras e tradições. Foram mais de trinta anos de pesquisa e colecionando tudo sobre o artista para chegarmos a essa obra prima sobre a vida de Luiz Gonzaga”, destacou o autor.
Santana, O Cantador, afirma que Gonzaga era um gênio e que cantar suas músicas é uma responsabilidade grande. “A efervescência do forró na Europa é coisa de cinema. Minha relação com Exu veio da amizade com Gonzaga. Nos tornamos grandes amigos, convivemos até ele ir embora para o Oriente eterno”, pontuou o artista.
Para Alcymar Monteiro, Gonzagão é o Pai do Brasil musical. “Sem Luiz Gonzaga, não existiria a Música Popular Brasileira (autenticamente brasileira). Ele abriu esses flancos todos para todo mundo. Deu origem à Tropicália, Gil, Caetano, a mim, à Raimundo Fagner e tantos e tantos outros. Luiz Gonzaga pra mim é o grande artífice do Brasil.”, declarou o músico.
O cantor ainda lembra os últimos conselhos em vida de Luiz Gonzaga. "Ele me disse que o artista tinha que ter identidade própria", frisou Alcymar.
O artista, Gilvan Costa, residente em Natal, no estado do Rio Grande do Norte, exalta a importância do Rei do Baião para a cultura Nordestina. "Gonzaga em si é a cultura nordestina. Ele nos representa em tudo de melhor no Nordeste. O que você vê aqui, seja a fartura, as dificuldades que a região enfrenta é Luiz Gonzaga. As feiras livres, os cantadores, os comerciantes e ambulantes, tudo representa Luiz Gonzaga. Foi quem mais representou e que deu nome ao Nordeste. Esse nome não pode ser esquecido. Acredito que daqui a 100 anos na história contemporânea popular brasileira o nome dele estará lá registrado. Luiz Gonzaga o maior músico do Brasil", ressaltou Gilvan.
Hoje, sua música não só é um símbolo da identidade nordestina, mas também uma parte importante do patrimônio cultural brasileiro, sendo frequentemente regravada e interpretada por muitos artistas, perpetuando sua influência e celebrando suas contribuições à música.
A reportagem desse blog sempre no mês de dezembro, onde é comemorado o aniversário de Luiz Gonzaga, visita a cidade de Exu e o Parque Asa Branca e a Associação Vovô Januário onde viveu o "Velho Lua".
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