Por Marcela Dourado
O desenvolvimento agroindustrial de uma plantação em um ambiente específico pode não ser reproduzido em outro local, devido a variações do solo, clima e da divergência genética entre espécies vegetais. Foi levando em consideração essa peculiaridade que o professor João Dutra Filho, do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas no Centro Acadêmico de Vitória (CAV/UFPE), desenvolveu uma nova metodologia para análise da divergência genética em cana-de-açúcar, buscando genótipos com alto potencial de adaptabilidade e estabilidade para elevar a produtividade dos canaviais.
O estudo “Genetic divergence for adaptability and stability in sugarcane: Proposal for a more accurate evaluation”, publicado na Plos One, avalia a cana-de-açúcar no momento da colheita, aos 16 meses, quanto às características de toneladas por hectare, toneladas de açúcar produzido por hectare e percentual de sacarose no caldo, entre outros, a partir de uma análise livre da ação externa do ambiente. “As características visíveis e particulares de uma espécie, ou fenótipo, se devem à constituição genética e à influência do ambiente; a partir da observação da variância comum (ANOVA), podemos analisar a variância em fenotípica, genotípica e ambiental”, explica o autor.
Segundo o estudo, a
avaliação de divergência genética quando baseada na aparência (fenótipo) do
produto pode causar confundimento nas análises estatísticas, ou seja, os
genótipos mais divergentes podem ocorrer pela influência do ambiente na
expressão fenotípica dos caracteres. “Já a análise da divergência com base nos
valores genotípicos dos caracteres, sem a influência dos fatores ambientais,
aumenta a precisão da análise, podendo-se verificar quais genótipos realmente
são mais similares ou distantes geneticamente e, assim, elaborar uma campanha
de cruzamentos com maior precisão e maior probabilidade de obter novos
genótipos de maior produtividade e com caracteres agronômicos favoráveis”,
explica João Dutra.
De acordo com o pesquisador, a acuidade dos resultados de uma análise de divergência genética com base em dados genotípicos se dá pela verificação real dos genótipos mais distantes geneticamente e, desta forma, pode-se elaborar uma campanha de cruzamentos com maior segurança e maior probabilidade na obtenção de novos genótipos com elevado potencial de adaptabilidade, estabilidade e produtividade. “Com essa metodologia podemos identificar os genótipos com alto potencial de adaptabilidade e estabilidade para elevar a produtividade dos canaviais”, constata.
MELHORAMENTO | O estudo aponta que o sucesso de qualquer programa de melhoramento depende da realização de cruzamento entre genótipos não aparentados, possibilitando uma depressão por endogamia, ou seja, a manifestação de caracteres indesejáveis como a baixa produtividade. “Essa metodologia não vai resolver todos os problemas que existem nos programas de melhoramento genético, mas é uma opção a mais para ser explorada, pois se trata de uma metodologia de custo zero que pode ser aplicada em outras culturas sem nenhum problema”, explica o autor.
Mais informações
Licenciatura em Ciências Biológicas no Centro Acadêmico de
Vitória (CAV/UFPE)
(81) 3114.4101
coordenabio.cav@ufpe.br
Professor João Dutra Filho
(81) 99649.7833 (para uso exclusivo da imprensa)
joao.dutrafilho@ufpe.br
A Ascom divulga, semanalmente, uma pesquisa realizada na
UFPE.
Esta e outras pesquisas estão disponíveis no site da UFPE.
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