Programação começa nesta segunda-feira, 20, e vai percorrer municípios de Passira (Agreste), Araçoiaba ( Região Metropolitana), Joaquim Nabuco ( Zona da Mata Sul) e Manari ( Sertão)
Um estudo recente constatou que cerca de 41% da população de Pernambuco está incluída na faixa de pobreza. Um problema que escancara a realidade social de locais com baixíssimos índices de crianças na escola, infraestrutura precária, alto índice de analfabetismo, falta de bibliotecas e espaços de leitura. Além disso, boa parte dessa população vive com renda mensal inferior a R$ 145. Frente a essa realidade, o Projeto Ler para Ser, vai percorrer municípios da Zona da Mata, Sertão, Agreste e Região Metropolitana do Recife, com piores Índice de Desenvolvimento Humano - (IDH), para levar várias ações sociais, culturais e educativas para minimizar essa realidade social dessa população. Todas as atividades serão ofertadas de forma gratuita, incluindo recursos de acessibilidade. O projeto tem o apoio do Governo de Pernambuco, por meio dos recursos do Funcultura.
A programação estreia nesta segunda-feira, dia 20. A primeira localidade contemplada com o projeto será a comunidade Quilomboloda Sítio Chã dos Negros, localizada na Zona Rural da cidade de Passira, Agreste pernambucano. Pertencente a uma área de Patrimônio Material e Imaterial do país, que tem origem no século XVIII, o local, que abriga mais de 150 famílias de origem dos escravos e índios, será a porta de entrada para as atividades na região.
As publicações foram escolhidas a partir de um trabalho minucioso de curadoria que privilegiam obras escritas por mulheres pernambucanas; uma maneira de valorizar ainda mais as produções literárias do estado. O projeto também vai proporcionar aos participantes apresentação de espetáculo de contação de histórias de tradição oral baseado em contos e causos de Pernambuco.
A equipe do projeto é toda formada por profissionais das quatro macrorregiões, com experiência comprovada nas suas atribuições. A estratégia é valorizar a mão de obra local, estimulando o desenvolvimento da cadeia produtiva de cultura pernambucana e contribuindo para a difusão e manutenção das atividades dos Pontos de Cultura. Neste caso, a oficina de contação de história será ministrada pelo arte-educador Anderson Abreu. Já as atividades de mediação de leitura têm à frente o arte-educador, Guga Bezerra.
Segundo Eliz Galvão, produtora cultural e idealizadora do projeto, o intuito do Projeto Ler para Ser é transformar a realidade dessas pessoas, por meio do acesso à leitura. “Fazendo um mapeamento de mestres e mestras de tradição oral, em 2019, em algumas cidades ribeirinhas, quilombolas, urbanas e rurais do nosso estado, percebi muitas dificuldades no acesso ao livro e a leitura. E me chamou atenção o sonho de algumas mulheres do quilombo do Sítio Chã dos Negros. Ouvi delas, depois de uma oficina de contação de histórias, que o maior sonho delas era poder saber ler e escrever, e por isso elas se esforçaram para que os filhos e netos estudassem porque, segundo elas, só assim eles seriam alguém na vida. Muitas delas não tiveram a oportunidade de estudar, e o projeto também vem destacar a importância da oralidade na formação dessas comunidades. ”, ressalta.
Ela acrescenta, ainda, que “ movida a todo esse sentimento, agora estamos voltando para proporcionar a todas essas comunidades, um reencontro com o saber e conhecimento, para que possamos ler e ser o que quisermos. E desta maneira, agregar mais valor à vida, à comunidade, cultural e nossas memórias”, disse, emocionada.
Além da cidade de Passira (Agreste), o projeto também vai passar, até o fim do primeiro semestre de 2022, pelos municípios de Araçoiaba ( Região Metropolitana), Joaquim Nabuco ( Zona da Mata Sul) e Manari, localizada no Sertão, que tem o pior IDH de PE. Todos eles serão contemplados com as mesmas atividades. A expectativa é que mais de 200 pessoas sejam impactadas pelo projeto.
Em todos os municípios, as inscrições para oficinas serão realizadas com apoio dos Pontos de Cultura e Grupos Culturais locais. Ao todo, são 25 vagas por oficina. Todos os participantes terão acesso a lanches, fardamento, material didático e certificado.
Fotos divulgação: Jennyfhem Mendonça.
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