Morador de Recife precisou de prótese após acidente de trânsito e necessita de manutenção no equipamento. Especialista fala do trabalho de diversos profissionais nesta recuperação
Fábio Luciano de Campos, 54 anos, morador de Recife, viu sua vida mudar no dia 23 de maio de 2022. Após sofrer um acidente de trânsito, a equipe médica que fez seu tratamento tentou, por quase um mês, recuperar a perna esquerda. Porém, devido às lesões no membro atingido, foi necessária a amputação e passou a usar prótese. Ele, assim como milhares de pernambucanos, precisa de acompanhamento multiprofissional para garantir conforto e qualidade de vida com o uso do equipamento.
O acidente que o morador de Recife sofreu aconteceu em um momento em que ele ajudava outro motorista em uma rodovia. “Eu estava socorrendo outro carro que quebrou na minha frente. A visão estava ampla para quem vinha em nosso sentido, mas quando eu estava fechando o porta-malas do meu carro depois de pegar o triângulo de sinalização, senti uma pancada na perna. Fui socorrido, mas a perna não teve salvação”, explica.
Fábio, que trabalha como autônomo com distribuição de água mineral, faz parte de um grupo de 949 mil pessoas no estado de Pernambuco com algum tipo de deficiência, a partir dos 2 anos de vida. O número representa cerca de 10% da população do estado. Neste universo, e devido à amputação da perna, ele também está inserido na parcela de 42,4% das pessoas com deficiência que têm dificuldade em andar e subir degraus. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). O levantamento foi divulgado em julho de 2023.
Acompanhamento contínuo
Uma das muitas necessidades para pessoas com deficiência e que precisam utilizar próteses após a amputação é o tratamento e o acompanhamento contínuo por especialistas como protesistas e fisioterapeutas. Segundo Thomas Pfleghar, diretor de Academy na América Latina da Ottobock, empresa que atua na produção de componentes de tecnologia assistiva para pessoas com deficiência, a adaptação de pessoas com deficiência ao equipamento precisa de acompanhamento contínuo.
"Diferente de um membro fisiológico, como a perna humana, por exemplo, as próteses são sistemas passivos que procuram devolver a estabilidade e proporcionar possibilidades para a pessoa no dia a dia. Cada paciente possui uma demanda em sua rotina. Por isso, somente conectar a prótese ao membro residual (a parte do corpo que não foi retirada na amputação) não é o bastante", explica.
Desde que precisou realizar a amputação da perna, Fábio passou a insistir na procura por uma prótese. "Sou muito avexado para querer as coisas. Comecei a fazer fisioterapia na sequência da recuperação para que pudesse fortalecer o membro residual. Isso me ajudou bastante, porque quando cheguei à clínica para receber a prótese eu já estava em um estágio avançado para me adaptar ao equipamento", comenta.
Vínculo e proximidade
O morador de Recife se tornou paciente da clínica da Ottobock no município, na qual os profissionais de diferentes áreas fazem o acompanhamento de pessoas com mobilidade reduzida. Por sinal, Fábio é um frequentador assíduo da unidade. "Como moro perto da clínica, sempre passo por lá para que a equipe possa fazer algum ajuste, ou quando tenho alguma dúvida. Passo por lá até mesmo para visitar o pessoal. Nestas situações nós percebemos que criamos vínculo de família com a equipe. Eu falo que eles não vão se livrar facilmente de mim", brinca.
O diretor de Academy da empresa diz que a ideia de uma clínica precisa ser oferecer atendimento contínuo para os pacientes com dificuldade na mobilidade. "Hoje em dia no mundo conseguimos encontrar alta tecnologia para o desenvolvimento de próteses. Os joelhos, usados para pessoas amputadas em membros inferiores, podem ser mecânicos ou eletrônicos, e cada pessoa possui um nível de amputação diferente e uma demanda específica para a sua vida”, comenta.
Com essas variantes, segundo o diretor da empresa, tratar de uma pessoa com prótese torna-se um processo complexo que precisa de ampla atenção. Por isso, a ideia de oferecer atendimento especializado existe para melhorar a coordenação motora e devolver qualidade de vida para a população. “Isso resulta na união do conhecimento humano com o avanço tecnológico", explica.
Sobre a Ottobock
Fundada em 1919, em Berlim, na Alemanha, a Ottobock é referência mundial na reabilitação de pessoas amputadas ou com mobilidade reduzida por sua dedicação em desenvolver tecnologia e inovação a fim de retomar a qualidade de vida dos usuários. Dentro de um vasto portfólio de produtos, a instituição investe em próteses (equipamentos utilizados por pessoas que passaram por uma amputação); órteses (quando pacientes possuem mobilidade reduzida devido a traumas e doenças ou quando estão em processo de reabilitação); e mobility (cadeiras de rodas para locomoção, com tecnologia adequada a cada necessidade). A Ottobock chegou ao Brasil em 1975 e atua no mercado da América Latina também em outros países como México, Colômbia, Equador, Peru, Uruguai, Argentina, Chile e Cuba, além de territórios da América Central. Atualmente, no Brasil, são oito clínicas, presentes em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Recife e Salvador.
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